sábado, 2 de abril de 2011

Os liquidadores, homens e mulheres que trabalham contra o tempo na central de Fukushima, no Japão, para evitar que os reactores se deteriorem ainda mais, sabem que têm a vida a prazo.

Heróis de Fukushima sabem que vão morrer 

As famílias da equipa que permanece desde 11 de Março - dia do terramoto seguido de tsunami, no Japão - na central nuclear de Fukushima foram aconselhadas a não falar com a Comunicação Social sobre o impacto que terá na saúde dos seus familiares a exposição a elevados níveis de radiação para não adensar o pânico.

Mas 20 dias depois do desastre são os próprios trabalhadores - baptizados "Fukushima 50" (turnos rotativos de 50 pessoas a partir de um universo total de 300) - que começam a usar a internet, blogues e redes sociais para desabafar.

Todos sabem que vão morrer a curto prazo, fruto da radioactividade presente no ar e na água, ou a médio prazo, devido a doenças oncológicas. Tal como aconteceu em Chernobil, em 1986.

E pedem uma coisa única aos leitores: que valorizem o esforço que fizeram, colocando a segurança do país à frente dos seus próprios afectos. "Os meus pais ainda estão desaparecidos. Não consigo procurá-los devido à área imposta de evacuação. É neste estado mental que trabalho. É o meu limite", escreveu o operário Emiko Ueno citado pelo jornal "The New York Times".

A revista "New Scientist" também citou um trabalhador, Morizo, que deixou uma mensagem num blogue japonês. "Carregamos uma cruz às costas para o resto da vida. Não fomos capazes de chegar a tempo de cuidar das nossas famílias, muito menos da nossa própria saúde".

Ao britânico "The Guardian", e sob anonimato, a mãe de um trabalhador de 32 anos revelou. "O meu filho disse que discutiram durante muito tempo o que fazer. E, por fim, comprometeram-se a morrer para salvar a nação. Estão expostos a níveis letais de radiação e sabem que será uma questão de semanas ou meses até morrerem."

Heróis de Fukushima sabem que vão morrer

Trabalham no limite: dormem em cima das mesas por medo da radiação do chão e não há material de protecção para todos. "É inútil chorar. Se estamos no inferno, só nos resta trabalhar para chegar ao céu", concluiu outro trabalhador.

Fonte: JN

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