Dez anos depois do atentado ao 11 de Setembro |
Uma simples mochila esquecida num local público deixou de ser uma simples mochila esquecida. Tornamo-nos cidadãos desconfiados num mundo em que tudo é suspeito desde que os aviões caíram no coração da América no dia 11 de Setembro de 2001.
Dez anos depois dos atentados, não podemos viajar sem obedecer a um rigoroso conjunto de regras ou iniciar um debate sobre o que é invasão de privacidade e interesse público.
Descalçar sapatos, tirar cintos, racionar a quantidade de líquidos, descobrir que objectos rotineiros como um isqueiro ou uma lima estão na lista de proibições das companhias aéreas ou conhecer as regras de transporte de pilhas e baterias tornou-se na nova rotina. Embarcar num avião é hoje um exercício quase militar e para trás ficou o tempo em que visitar o 'cockpit' era uma experiência acessível.
Mais polémica tem sido a a utilização se 'scanners' corporais nos aeroportos. Trata-se de uma tecnologia concebida para detectar, por exemplo, material explosivo camuflado no corpo. Do ponto de vista das liberdades individuais, o preço a pagar por esse tipo de segurança é a exposição total da intimidade de cada um. E o mundo dividiu-se entre os que defendem que os limites da privacidade foram ultrapassados e os que consideram que tal se justifica, se isso servir para evitar a perda de vidas humanas.
De resto, a ameaça de atentados terroristas justificou, recentemente, a celebração de um acordo entre Portugal e os Estados Unidos que visa a "disponibilização de dados datiloscópicos (como impressões digitais) para efeitos de prevenção e investigação criminal e de perfis de ADN", refere o documento. A medida mereceu a reprovação da Comissão Nacional de Protecção de Dados, que considerou, por exemplo, que o acordo não salvaguarda a possibilidade de os dados não serem utilizados em procedimentos que conduzam à pena de morte.
Voar é o lado mais visível das mudanças do pós 11 de Setembro. Mas não é o único. O investimento em tecnologias ligadas à segurança disparou. Andar pelas ruas de uma cidade ou entrar num museu são actos hipervigiados. Da mesma forma subiu o investimento em tecnologias de protecção de dados informáticos. Muitas empresas apostaram em 'softwares' sofisticados com o objectivo de prevenir ataques.
A indústria das energias e dos combustíveis também não voltou a ser a mesma: consideradas alvos prováveis de atentados, a estas empresas não restou outra hipótese que não o reforço dos seus sistemas de segurança, aumentando, como nunca antes, o preço de combustíveis ou da electricidade.
Ver através da roupa
Um 'scanner' corporal permite ver através da roupa, mas não através do metal e de substâncias como drogas e explosivos.
'Scanners': que riscos?
Segundo a "News Scientist", uma exposição excessiva dos 'scanners' que usam raios-X podem causar problemas ao nível do ADN que, por sua vez, podem conduzir a doenças como o cancro. Investigações recentes concluíram, entretanto, que os 'scanners' com ondas milimétricas podem também causar danos à saúde humana. Os passageiros têm sempre a alternativa de serem revistados manualmente.
Passaporte biométrico
Um passaporte biométrico contém um minúsculo 'chip', no qual são armazenadas informações sobre o seu detentor. O sistema tem, contudo, falhas: a falsificação é possível e documentos como este foram recentemente encontrados na Internet à venda por quantias entre os 600 e os 900 euros.
Viajar com armas
Alguns países estabeleceram duras regras para o transporte de armas. Itália exige um certificado de exportação temporária emitido pela polícia. Na Suíça, é proibida a entrada de munições consideradas de armamento de guerra. Já o Reino Unido optou pela proibição total do transporte de armas.
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